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Filhas da Mãe

Diário de Isolamento #5

17.03.20

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Diário de isolamento 

Dia 5

 

O nível de sanidade mental começa a ficar abaixo dos níveis de segurança.

As crianças continuam perdidas na avalanche de brinquedos que aconteceu no quarto delas.

Já não as vejo à umas horas. 

Talvez até já tenham almoçado umas plasticinas em cru, ou um slime fumado.

De lá do meio só ouço o Lucas Netto.

 

O marido continua agarrado ao computador no escritório. Aquilo mais parece um bunker, tem água, bolachas, uma banana... 

Já pensei se ele estará em quarentena de mim...

 

Realmente nunca devemos ter passado tanto tempo juntos debaixo do mesmo tecto. 

O homem apercebeu-se agora da mulher que lhe calhou rifa.

Desejem-me sorte...

Provavelmente vai-me pedir o divórcio mal puder sair à rua.

 

Eu na tentativa de passar tempo tentei arranjar as minhas próprias unhas, a coisa até não está má, se olharem de cima. Não podemos é vê-las de lado, porque aí parecem as estradas portuguesas, só buracos e lombas.

 

Mas também quem é a pessoa normal que se preocupa com as unhas numa situação destas?

Não vou sair à rua... e o marido está para ali enfiado no buraco...

 

Entretanto e agora falando mais sério, estou a pensar começar a treinar em casa.

Estou à muitos dias parada.

Quem entra comigo nesta? Fazemos uma treinozinho diário, para mantermos o corpo, mas principalmente a mente sã!

 

É que pelo andar da carruagem, se continuo assim, no fim de semana, já nao vou conseguir escrever nada de jeito (não, que o tenha feito até agora) e fisicamente vou ter de aumentar as portas cá de casa, despesa que nao vinha nada a calhar.

 

Vou ali ver se encontro as filhas da mãe, que começo a ficar preocupada.

 

A mãe das filhas